Eles já foram associados com presságios, medos e desejos. Estudos sugerem, porém, que nossos sonhos (mesmo os mais estranhos) são uma forma usada pelo cérebro para “digerir” as experiências do dia-a-dia. “A estrutura e o conteúdo do pensamento é muito parecido com a estrutura e o conteúdo dos sonhos. Eles podem ser produtos da mesma máquina”, apontou o neurocientista Matthew Wilson durante o evento “The Strange Science of Sleep and Dreams” (“A Estranha ciência do Sono e dos Sonhos”), promovido em novembro pela Academia de Ciências de Nova York.
No evento, Wilson apresentou um trabalho desenvolvido junto com outros cientistas em que usou sons para manipular os sonhos de ratos. Durante os experimentos, as cobaias ouviam um determinado som a cada vez que passavam por trechos específicos de um labirinto; ao reproduzir estes sons enquanto os animais dormiam, Wilson e sua equipe fizeram com que os ratos sonhassem com o labirinto (usando eletrodos, os pesquisadores puderam observar quais neurônios eram ativados durante o sono).
Em um experimento similar (e com os resultados também apresentados no evento), a cientista Erin Wamsley, da Escola de Medicina de Harvard, reuniu voluntários para estudar o vínculo entre os sonhos e as experiências vividas no mundo real – ou, mais especificamente, entre a memória e o sono na fase não REM (mais fragmentados do que os da fase REM, que significa Rapid Eye Movement, ou movimento rápido dos olhos).
Alguns participantes relataram ter sonhado com um jogo de videogame que jogaram horas antes, a pedido dos cientistas (no jogo, eles percorriam um labirinto). Curiosamente, aqueles que sonharam que estavam no jogo apresentaram uma melhora de desempenho no dia seguinte – pensar sobre o jogo enquanto estavam acordados, contudo, não causou efeito prático algum.
Depois de jogar um segundo jogo (desta vez sobre esqui), houve participantes que relataram ter sonhado que estavam esquiando. Conforme atingiam uma fase de sono mais profunda, os sonhos se tornaram menos “óbvios”, e a relação com o jogo ficou menos clara. Um dos voluntários, por exemplo, sonhou que estava seguindo pegadas na neve ao invés de esquiar. De acordo com Wamsley, o sonho pode ter sido uma maneira de refinar a habilidade do participante de caminhar sobre a neve.
Tanto nos ratos como nos humanos, os neurônios ativados durante o sonho eram da mesma região do cérebro, o hipocampo, associada com memória espacial.[LiveScience]
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